Prevenção de Alzheimer com Dietas Plant Based e Vegana
As informações contidas neste site são apenas para fins informativos e educacionais. Não se destina a substituir a avaliação e tratamento de profissionais médicos.
Dieta Vegana e Função Cerebral
A nutrição desempenha um papel crucial na manutenção adequada da função cerebral à medida que envelhecemos. Os pesquisadores têm estudado cada vez mais o papel de fatores dietéticos e de estilo de vida, como dietas baseadas em plantas, na doença de Alzheimer [25]. A saúde cerebral foi melhorada por dietas como a Mediterrânea, a dieta DASH, ou a dieta MIND. Adotar uma dieta Mediterrânea, DASH ou MIND pode diminuir a deterioração cognitiva e o risco de doença de Alzheimer.
O que essas dietas têm em comum é que elas limitam o consumo de açúcar e gordura saturada e recomendam comer uma alta porcentagem de frutas, legumes, grãos integrais e nozes e consumir quantidades mínimas de carne vermelha ou processada. Várias organizações médicas recomendam uma dieta baseada em plantas para otimizar a saúde cognitiva e potencialmente prevenir a demência. Para manter a saúde cognitiva e prevenir o envelhecimento cognitivo, consumir uma dieta baseada em plantas pode ser uma mudança de estilo de vida com baixo risco e benéfica.
Os efeitos de uma dieta baseada em vegetais na saúde do cérebro e cognição são bem documentados. Uma dieta vegana parece eficaz para diversos resultados, que vão desde perda de peso até saúde cardiometabólica até redução da incidência de câncer. Ainda assim, seus efeitos no cérebro não são bem determinados.
O veganismo estrito confere benefícios protetores adicionais para o cérebro em comparação ao vegetarianismo ou alimentação saudável? Os resultados de dietas vegetarianas em relação aos resultados de saúde não são necessariamente aplicáveis a uma dieta vegana, pois uma dieta vegana é mais rigorosa e contém apenas alimentos à base de plantas. Um crescimento rápido de veganismo exige uma melhor compreensão científica dos efeitos de uma dieta vegana na saúde humana, especialmente relacionada ao cérebro e as funções cognitivas.
Possíveis efeitos benéficos de uma dieta vegana no cérebro e no risco de Doença Alzheimer (DA)
A qualidade e quantidade de nutrientes variam de acordo com a dieta seguida. Em comparação com dietas onívoras, uma dieta vegana é tipicamente mais rica em fibras; ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs); vitaminas A, B1, B6, C e E; folato; magnésio; ferro; e cobre.
Frutas e vegetais
Legumes, frutas, grãos, nozes e sementes constituem a maior parte de uma dieta vegana. Várias meta-análises descobriram que o aumento do consumo de frutas e vegetais pode reduzir o risco de demência e desacelerar o declínio cognitivo em adultos mais velhos [38]. Por outro lado, baixa ingestão de vegetais está associada a uma pior cognição na demência da DA [41].
Redução da inflamação
A inflamação desempenha um papel importante no desenvolvimento da DA. Cascatas inflamatórias podem contribuir para a patogênese da DA quando os níveis de beta-amiloide (Aβ) estão continuamente elevados, mobilizando o sistema imunológico inato através da ativação de microglia. Pacientes com DA frequentemente apresentam altos níveis de marcadores inflamatórios, e esses marcadores também estão ligados ao declínio cognitivo [45].
Fatores de risco modificáveis para a DA
Além de fatores genéticos, hipertensão [12], diabetes [15], obesidade [18] e lipídios sanguíneos elevados na meia-idade [53],todos aumentam o risco de demência e DA. Todos esses fatores de risco para DA podem ser modificados através de uma dieta vegana; portanto, uma dieta vegana também pode ajudar na prevenção primária da DA. Além disso, uma dieta vegana pode ser uma ferramenta valiosa na prevenção do diabetes [59].
Trato gastrointestinal
Um número crescente de pesquisas mostra que o microbioma intestinal desempenha um papel crucial na patogênese da DA [64]. O microbioma intestinal de pacientes com DA tem uma composição diferente e possui uma diversidade reduzida em comparação com pessoas cognitivamente íntegras. As interações entre o intestino e o cérebro são mediadas pelo sistema nervoso ou por substâncias químicas que cruzam a barreira hematoencefálica. Um microbioma intestinal disbiótico pode contribuir para a progressão e exacerbação da doença, possivelmente promovendo ativação imune, inflamação sistêmica, agregação de Aβ e resistência à insulina na periferia e no cérebro. Uma dieta vegana pode agir como medida preventiva secundária na DA, estabelecendo potencialmente um microbiota intestinal mais saudável.
Redução de TMAO
O Trimetilamina N-Óxido (TMAO) é o produto de um metabolito microbiano que aumenta com o consumo de carne vermelha e tem sido ligado as doenças neurológicas. Um aumento no TMAO plasmático tem sido demonstrado em promover o envelhecimento cerebral e comprometimento cognitivo e piorar a doença de Alzheimer, reduzindo a densidade de neuritos e aumentando o dano sináptico em camundongos [89]. Por outro lado, a redução dos níveis de TMAO no plasma tem mostrado melhorar o declínio cognitivo em um modelo de camundongo da doença de Alzheimer.
Saúde Mental
A saúde mental pode ser um fator importante na prevenção do surgimento da doença de Alzheimer. No caso de problemas relacionados à saúde mental, é possível que o risco de desenvolver a doença aumente. Fatores como estresse crônico e depressão podem, de fato, aumentar o risco de desenvolver a doença de Alzheimer [10] [11]. Nesse sentido, existem algumas evidências incipientes de que uma dieta vegana afeta positivamente a saúde mental e o bem-estar, atuando assim como prevenção primária na doença de Alzheimer.
Possíveis Efeitos Negativos
O estudo também menciona os potenciais efeitos negativos de uma dieta vegana estrita, incluindo a possibilidade de níveis reduzidos de vitamina B12, vitamina D e ácidos graxos ômega-3. É importante notar que essas deficiências não são exclusivas de uma dieta vegana ou dietas plant based, e ocorrem com a mesma frequência em dietas onívoras. Todas essas deficiências podem ser facilmente controladas, no entanto, pelo consumo de alimentos fortificados ou suplementos vitamínicos.
Tabela 1: Efeitos positivos e negativos de uma dieta vegana sobre Alzheimer
Efeitos Positivos |
Efeitos Negativos |
| Redução da inflamação sistémica | Aumento do risco de deficiência de vitamina B12 |
| Redução do risco de desenvolver obesidade e diabetes tipo II | Aumento do risco de deficiência de vitamina D |
| Redução dos níveis de TMAO no plasma e na urina | Insuficiente ingestão de DHA e EPA |
| Menor ingestão calórica e de gordura saturada em comparação com outros tipos de dietas | |
| Diminuição das bactérias pró-inflamatórias no intestino | |
| Aumento da produção de metabolitos benéficos produzidos bacteriologicamente |
Veganismo vs Plant Based
No entanto, dietas plant based e veganas não são sinônimos. Uma dieta vegana tende a ser baseada em vegetais, mas as dietas plant based (baseada em plantas) não são veganas por definição. Em uma dieta plant based, as plantas são o componente principal, mas produtos de origem animal também são incluídos em pequenas quantidades. Uma dieta baseada em alimentos integrais based de plantas (Whole Food Plant Based) é centrada em alimentos vegetais integrais, não refinados, e minimiza alimentos altamente refinados, como farinha branqueada, açúcar refinado, óleo e alimentos embalados processados.
Uma dieta vegana se abstém completamente de produtos de origem animal, e é uma versão mais rigorosa do vegetarianismo. Além de cortar carne, os veganos eliminam tudo o que é feito ou derivado de um animal, incluindo laticínios, ovos e mel. Além disso, os veganos se abstêm de usar produtos de origem animal em outras áreas de suas vidas, incluindo produtos de beleza, calçados e roupas.
O artigo acima é um sumario de um estudo publicado pelo NIH (Institutos Nacionais de Saúde) em novembro de 2022. Veja a publicação original aqui.
Novo Estudo sobre a Prevenção de Alzheimer e Demência
Um novo e abrangente estudo liderado pelo Dr. Dean Ornish está atualmente em curso. O Dr. Ornish e seus colegas estão conduzindo o primeiro ensaio clínico randomizado para determinar se a progressão da doença de Alzheimer em estágio inicial pode ser desacelerada, interrompida ou até mesmo revertida por um programa abrangente de medicina do estilo de vida, sem o uso de drogas, dispositivos ou cirurgia.
A Conexão Coração e Cérebro
O Programa do Dr. Ornish para Reverter a Doença Cardíaca continua sendo o único programa comprovado cientificamente para reverter a doença cardíaca em ensaios clínicos randomizados publicados nas principais revistas revisadas por pares. De acordo com o Dr. Ornish, “Muitas pessoas não percebem que a doença de Alzheimer e a doença cardíaca compartilham um vínculo genético por meio do gene apolipoproteína E (APOE). O gene está envolvido na produção de uma proteína que ajuda a transportar colesterol e outros tipos de gordura na corrente sanguínea. Uma forma de APOE é o principal fator de risco conhecido tanto para a doença cardíaca quanto para a doença de Alzheimer tardia “.
Além disso, várias condições conhecidas por aumentar o risco de doenças cardiovasculares – como pressão arterial alta e colesterol alto – também aumentam o risco de desenvolver Alzheimer. Estudos de autópsia mostram que até 80% das pessoas com Alzheimer também têm doença cardiovascular, mas a maioria dos cientistas concorda que a causa exata da doença de Alzheimer ainda não está clara. O consumo de carne também pode aumentar as chances de desenvolver a doença de Alzheimer. O consenso geral é que ela é causada por uma combinação de fatores genéticos, de estilo de vida e ambientais que afetam o cérebro ao longo do tempo.
Este programa Lifestyle Medicine Program inclui uma dieta baseada em alimentos integrais, com baixo teor de gordura e açúcar, exercícios moderados, técnicas de gerenciamento do estresse, incluindo meditação e suporte psicossocial.